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Câncer Infantil: Diagnóstico precoce eleva para 90% a chance da cura

Atenção redobrada de pais aumenta chances de cura

Por imperfeição da vida, os pequenos também são vítimas do câncer. A cada 1 milhão de crianças com até 15 anos de idade, 140 sofrem do mal que se caracteriza pela proliferação descontrolada de células anormais. No entanto, as chances de cura são altas, variam de 70% podendo chegar a 90% em alguns casos. Mas o sucesso está relacionado diretamente ao diagnóstico precoce e tratamento adequado, alerta o XI Congresso Brasileiro de Oncologia Pediátrica.

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Considerada a segunda causa de mortalidade infanto-juvenil (de 1 a 19 anos) – perde só para àquelas relacionadas a acidentes e violência – o câncer de maior incidência é a leucemia.Responsável por 30% dos casos de câncer na infância, a leucemia afeta as células brancas do sangue e desenvolve-se na medula óssea. O seu pico de incidência é entre 2 e 5 anos de idade.


No Brasil, o segundo câncer que mais atinge as crianças é o linfoma, seguido do de sistema nervoso – ambos representam 16% dos casos. Já no páreo mundial, os tumores do sistema nervoso central figuram o segundo de maior acometimento.


– Talvez no Brasil o segundo câncer de maior incidência também seja o cerebral, mas o difícil diagnóstico pode mascarar isso – suspeita a oncologista pediatra Beatriz de Camargo do Hospital A. C. Camargo.

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Também acometem as crianças o neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, geralmente localizado no abdome), tumor de Wilms (renal) e outros. Cerca de 85% dos cânceres têm origem genética. Quando a criança, por exemplo, recebe um gene bom da mãe e um defeituoso do pai – associado a fatores que alteram o DNA – ela fica mais suscetível a desenvolver um tumor maligno na primeira infância (de zero a 5 anos), explica o hematologista do Centro de Pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Maria do Socorro de Oliveira.


Existem também os fatores ambientais como uma infecção contraída pela mãe durante a gestação.


– Ingestão de bebida alcoólica, fumo, exposição a irradiação como raio-X durante a gravidez também são fatores de risco – explica Maria.


Segundo a hematologista, durante a gravidez as mulheres têm de evitar proximidade com álcool e gasolina, e devem tomar ácido fólico, pois quando há lesões no cromossomo a vitamina ajuda no mecanismo de reparo do DNA.

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Diferentemente do câncer em adultos, as doenças malignas em crianças são mais facilmente combatidas por serem predominantemente de natureza embrionária.


– Na infância, o tumor age em células embrionárias, que ainda não estão maduras. Essas células dividem-se mais rapidamente. Como a quimioterapia age intensamente nesse ciclo celular, as crianças, em geral, respondem muito bem ao tratamento – afirma Beatriz.



Tratamento



O caso de Giulia, de 6 anos, é conhecido no Inca. Diagnosticacada com leucemia linfóide aguda – o tipo mais simples – em junho, ela está na fase final de quimioteria, e não vai precisar passar por transplante de medula óssea.


– Ela reagiu muito bem ao tratamento e tem 90% de chance de cura – comemora a mãe Eliane de Menezes, fotógrafa, 42 anos.


Além da quimioterapia implicar em menor toxicidade na criança, tem também efeitos colaterais menos danosos que a radioterapia. Por isso, é o tratamento preconizado pelos médicos.


– A radio tem mais efeitos tardios, como baixa estatura, déficit de inteligência, alteração hormonal – explica o oncologista Cláudio Galvão, presidente do Congresso Brasileiro de Oncologia Pediátrica, realizado em Gramado, Rio Grande do Sul.


Já os efeitos colaterais da quimioterapia se apresentam por queda de cabelo, baixa da resistência – o que deixa a criança vulnerável a infecções – anemia e mucosite.


Em caso de tumor sólido, como no cérebro e no rim, opta-se pela cirurgia, e faz-se a quimio posteriormente.



Sintomas podem ser confundidos com dengue



O diagnóstico precoce é incisivo para as chances de cura. No entanto, muitos pais desconhecem os sintomas o que pode tardar a busca pelo tratamento. Ou até mesmo os médicos podem confundi-los com outra patologia devido a sua falta de especificidade na fase inicial.


No Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro, um menino, de 12 anos, foi internado com suspeitas de dengue. A demora da melhora do quadro levou os médicos a buscarem outro diagnóstico. Assim, eles descobriram que, além do vírus da dengue, ele tinha leucemia.


– Os sintomas das duas doenças na fase inicial são semelhantes. Em ambas, há presença de febre, cansaço, queda das plaquetas, sangramento oral, anemia e alterações nos leucócitos – compara a pediatra especializada em oncologia, do Hospital da Lagoa, Soraia Rouxinol. – Isso pode retardar o diagnóstico do câncer.


Em meio à epidemia de dengue enfrentada pelo Estado do Rio do Janeiro, os médicos devem ficar alertas aos sintomas da doença, mas também de outras patologias com sintomas semelhantes.


– Se o quadro de dengue não estiver evoluindo como o previsto, o médico deve buscar outro diagnóstico – levanta Soraia. – É importante que, de uma forma geral, lembrem da possibilidade da criança ter câncer.


Na leucemia, além dos sintomas já citados, a criança pode apresentar roxos nas pernas. O emagrecimento não vem acompanhado, segundo o oncologista Cláudio Galvão.


– Ela começou a ter febre persistente, dor nas pernas e cansaço – conta Eliane Menezes, 42 anos, mãe de Guilia que sofre de leucemia. – Passamos por dois hospitais, onde não fizeram o diagnóstico corretamente. Só quando chegamos no Inca descobrimos que ela tinha leucemia.


Já no câncer de linfoma, o aumento da íngua na região do pescoço e debaixo do braço é o que mais indica a doença. O fato de não doer também acarreta no retardo do diagnóstico. O aumento da glândula pode chegar a 2 cm.


A neoplasia do sistema nervoso central apresenta-se por uma perda de equilíbrio da criança, estrabismo (olhos não conseguem fixar no mesmo ponto), vômitos e alterações no comportamento.


– Dor de cabeça persistente que antes a criança não apresentava também é um sintoma comum – acrescenta Galvão.


Os tumores sólidos podem se manifestar pela formação de massa, podendo ser visíveis ou não, e causar dor nos membros.É importante que os pais estejam alertas para o fato de que a criança não inventa sintomas e que ao sinal de alguma normalidade, é fundamental levar o filho ao pediatra.Em geral, esses sintomas estão relacionados a doenças comuns na infância, mas isso não exclui a necessidade de ir ao médico.



Suporte



Tão importante quanto o tratamento do câncer em si, é a atenção dada aos aspectos sociais da doença, que deve receber atenção integral. Neste sentido, não pode faltar ao paciente e à sua família, desde o início do tratamento, o suporte psicossocial necessário. Isso envolve o comprometimento de uma equipe multiprofissional e a relação com diferentes setores da sociedade, envolvidos no apoio às famílias e à saúde de crianças e jovens .


Fonte:  Jornal do Brasil

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