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A excelência na finalização ortodôntico

A busca pelo ideal de oclusão estável não deve ser focada em fatores estáticos somente.

Autor: Prof. Ms. José Carlos F. Lago*
Precisamos calcar nossa ação no conhecimento científico, que em sua estruturação necessita de Organização, Objetivo próprio e Metodologia específica.  A razão disso advém da própria definição do que se concebe como Ciência: um conjunto organizado de conhecimentos relativos a certas categorias de fatos ou fenômenos.
Toda ciência, para definir-se como tal, deve necessariamente possuir um objetivo próprio, assim como definir suas bases tendo em vista uma metodologia específica. Em decorrência, ela vai distinguir-se do conhecimento vulgar, porque procura pôr ordem nas coisas, classificando-as, e, além disso, tem a preocupação de procurar uma resposta pela análise das leis que as regem.  Tendo-se conhecimento das leis naturais, a ciência desempenha duas funções: primeiro, teórica, que nos explica e liberta do imprevisto e ininteligível; e depois, uma função prática, porque permite-nos prever os fenômenos pelo conhecimento das leis.
Ora, a busca pelo ideal de oclusão estável pós-tratamento ortodôntico não deve possuir seu foco limitado apenas ao seu aspecto estático, como assume a definição de modelo ideal aquele expresso nas seis chaves de oclusão de Andrews. Parece ser esta a preocupação da comunidade ortodôntica em geral, sem a consciência ou compromisso de estabelecer um relacionamento íntimo com o complexo aspecto dinâmico, que além dos dentes  pressupõe o sistema de suporte ósseo, periodontal,  sangüíneo, muscular e articular, tudo coordenado na composição das praxias de oralidade e seus reflexos posturais regidos pelo sistema nervoso central, expressando movimento, energia, ação. Claro, tudo regido por Leis biológicas, ou da natureza.  A propósito, é oportuno lembrar um filósofo da antigüidade grega, Juvenal, quando afirmou:
“Nunca a Natureza diz uma coisa, e a Sabedoria diz outra”.

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Dizer que oclusão ideal, ou normal (não estabeleço diferença entre os termos, embora há quem faça) é aquela que permite ao sistema estomatognático a realização de todas as funções fisiológicas com preservação da higidez de sua estrutura, é dizer tudo e absolutamente nada ao mesmo tempo, pois não define coisa alguma.  Porém, é exatamente isso que avulta nos compêndios de Ortodontia quando a referência é aquilatar o resultado ortodôntico apresentado em fotos em oclusão cêntrica. Isto não diz nada, sendo desnecessário justificar o por quê da afirmação.  Esquadrinham-se à saciedade estratégias de ancoragem e movimentações dentárias, características de fios, qualidades e tipos de suportes com suas especificações, evidentemente de grande valor técnico, como se a simples obediência a cada um destes requisitos conferissem um aval de qualidade ao resultado do tratamento em termos de estabilidade e harmonia.  Se houver necessidade de contenção, e isto é inegável, o resultado está pressupondo desequilíbrio entre a decomposição das forças geradas pela mastigação, esta responsável pelas resultantes indesejáveis que vêm a materializar a tão execrável recidiva. RECIDIVA É CONSEQÜÊNCIA DE DESEQUILÍBRIO OCLUSAL, e contenção é curvar-se a esta realidade.

 

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É preciso entender que a pretensão de escorar aqueles dentes por um tempo não significa que ficarão obedientes quando se sentirem livres, seja depois de um, dois, quatro ou dez anos. Caso o sistema neuro-ósteo-dento-músculo-articular não tenha se estropiado todo à submissão a esta contenção, o que é improvável, ao cabo de toda esta saga, a recidiva seguramente se manifestará em graus variados.
Os dentes, alvos preferidos da terapia comum, são apenas parte de uma estrutura, e é oportuno lembrar um axioma de Myron Lieb, que de maneira muito elegante assim se expressou:
“Sem estrutura, não pode haver função”.
“Sem correta estrutura, a função não pode ser correta”.
“Função incorreta pode afetar não apenas uma correta estrutura, mas também afetar seriamente o desenvolvimento das estruturas”.

 

A melhor maneira de estabelecermos um método, senão o único, de estudar o que vem a ser Equilíbrio do Sistema Estomatognático, é definir um Objetivo, qual seja, evidenciar de maneira insofismável quais são os requisitos de estabilidade oclusal; depois cuidar da Organização dos tópicos de forma a consubstanciar uma Ordem lógica para análise; e por fim estabelecer uma Metodologia específica para tanto, lançando mão do meio adequado, o Articulador semi-ajustável.
Se existe uma especialidade que, por obrigação irretorquível de responsabilidade, deve conhecer profundamente oclusão, e por conseguinte, o método por meio do qual é permitido seu estudo, o Articulador,  é a Ortodontia.  É tão óbvia a razão que se torna até constrangedor precisar lembrar que quem movimenta dentes deve fazê-lo com consciência de que está interferindo profundamente no equilíbrio dento-articular. Este equilíbrio é traduzido pela ação harmônica dos constituintes como forma e situação do plano oclusal, trajetórias condilares, dos incisivos, curvas de decolagem e alturas cuspídeas que há anos Thielemann e Hanau traduziram em leis incontestes dentro da ciência odontológica, além da existência real dos ângulos entre as superfícies deslizantes das vertentes dentárias evidenciadas por Beyron e complementadas por Planas nos ângulos funcionais mastigatórios. É importante afirmar definitivamente o seguinte: ajuste oclusal, seja em cêntrica ou nos movimentos excêntricos, não podem ser realizados apenas e tão somente com os dentes perfeitamente alinhados e nivelados em oclusão cêntrica. Não faz sentido algum se os demais requisitos não estiverem satisfeitos.
É penoso afirmar, mas, fora deste caminho organizado que consubstancia a Ciência, o panorama é extremamente sombrio e caótico, relegando a especialidade ortodôntica para a categoria da frivolidade estética.
Porém, há sim, luz no fim do túnel.  O panorama pode ser mudado quando se QUEBRA ESTE PARADIGMA já envelhecido, com suas seqüelas aceitas como inevitáveis, e passamos a empregar o acervo de conhecimentos da Reabilitação Neuro Oclusal.  Quando isso acontece, não apenas o profissional sente-se pertencer a outro plano de consciência, como também passa a respeitar-se mais quando percebe a extrema importância do que executa, fato percebido pelo paciente que aceita e interpreta esta diferenciação como um alto valor agregado do que está recebendo, sentido prazer em retribuir e divulgar, o que é muito natural.

 

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Sobre o autor: Prof. Ms. José Carlos F. Lago
Coordenador de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial na UNICASTELO – SP e no SOESC de Santa Catarina
www.ortodontialago.com.br

 

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